sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Não estou dizendo que é fácil...

...as você acostuma sorrir sem motivos.


De perto ela sabia sorrir com os olhos, de longe, quando não tinha ninguém olhando ficava pensativa. Não poderia julgar, mas é provável que ela estivesse pensando em algo que a fizesse sorrir de longe, para manter aquela figura de sou forte e ninguém me derruba. Ela era boa nisso, assim como era boa em outras coisas. Em dizer palavras bonitas, e pensamentos filosóficos, mas ninguém nem imaginava que ela só gostou de filosofia porque o professor era bonito. Ninguém imaginava que no fundo ela não se importava com nada, e esse era o único motivo de estar sempre bem. Ela também não sabia o significado desse bem, desse to legal, desse do risada sozinha só de abrir a janela. Ela tinha pontinha de inveja sempre que ele ligava chorando, dizendo que estava sofrendo por outra. A inveja era dele, não dela. Ela não permitia que chorassem por ela, mas também não se permitia chorar por ninguém. E se quer saber, nem tinha vontade. Não sabia perder tempo segurando o celular decidindo se ligava ou não. Mas as vezes queria ser como ele, queria soluçar dizendo que não havia mais vida sem o amor Mas havia, porque amor mesmo ta nos pais, no café da manha, na música que ela viciou a poucos dias, na serie que ela vê para fugir dos estudos. Amor ta em tudo que ela fazia, mas para ela. O resto, era social. Ela sorria para os outros por educação, sorria para ela mesma porque queria, porque precisava. Porque o mundo era bem mais bonito com ela olhando para o céu, do que dizendo bom dia para outras pessoas. Ela não gostava de pessoas, e mesmo assim gostou tanto dele. Mesmo assim se permitiu dizer para outros que sabia amar algo alem do chocolate com morango que ela sempre comia antes do almoço. E era isso que ela tinha medo, de se permitir. Se importar, sentir, e sentir. E sentir mais um pouco só para ter certeza, porque no fundo a única certeza que ela tinha, é que se nada desse certo ela voltaria para o sorriso motivado pelo abrir da sua janela.

Carolina Assis

Não, não pense que é sempre bom, não sou a-toda-boa, a toda alegre o tempo todo, a toda amorosa constantemente. Eu sou estranha, tenho gestos e pensamentos e encanações e neuras e filosofias viajantes e temperamento salgado e toda uma série de e’s que não consigo ajustar aqui, agora, pra você, talvez por não saber ajustá-los nem pra mim. Mas deixa isso tudo pra lá, eu e a minha estranhice, estranheza, estranhagem, estranhamento, estranhação. Estranha ação. É isso aí, sou cheia de estranhas ações. Uma delas é tentar explicar o sentido de uma coisa que nem sentido faz.
[Clarissa Corrêa]

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