quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Tudo novo, de novo!

Para você ganhar belíssimo Ano Novo, cor de arco-íris, ou da cor da sua paz. Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido. Para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ver, novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior), novo, espontâneo, que de tão perfeito se nota. (...)Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

[Carlos Drummond de Andrade]


Que minha lista confusa desse próximo ano consiga ser ao menos lida mais de uma vez, e não apenas escrita. Que eu seja capaz de fazer tudo ao meu alcance para realiza-la. Aprender a ser miudinha. Aceitar ser grande Não tentar suavizar o que não é suave. Não tem ver beleza extrema onde não há. Ver beleza onde não há. Perdoar mais rapidamente. Aprender a não esquecer tão rapidamente. Entender que o pra sempre não dura tanto assim, e que a eternidade esta no momento de existir. Entrelaçar sonhos. Lutar. Realiza-los. Se satisfazer com o alcance que tomar, e não se entristecer por não conseguir. Conseguir. Que seja doce. Lembrar-me de olhar para o céu e sentir as estrelas perto de mim. Matar minhas saudades, mas deixa-las por um tempo alimentando meus amores. Amar. Esquecer. Amar ainda mais. E não esquecer. Ler. Ler mais ainda. Escrever. Escrever sobre algo que não seja para ele, ou sobre ele, ou por ele. Sair do nós. Cair no outros. Dançar sempre como se não tivesse ninguém olhando. Cantar como se ninguém tivesse escutando. Ser mais corajosa. Melhoras minha memória. Lembrar-me. Engolir minha grosseria e meu sarcasmo. Não, meu sarcasmo pode continuar. Ser menos egocêntrica, e valorizar minha capacidade de amar. Sonhar de olhos abertos. Entorpecer. Ficar livre de tudo que me tira o riso. Fazer os outros sorrirem ainda mais. Conhecer pessoas, e mante-las comigo. Não deixar antigas irem. Quebrar teorias. Formas bons princípios. Segui-los. Enlouquecer. Passar no vestibular. Ser a melhor da turma. Não pegar DP. Criar laços. Estar pronta para desfazê-los. Dormir cedo. Não faltar a academia. Trazer a tona coisas adiadas. Fugir. Voltar. Ir além. Não beber. Mergulhar. Viajar. Passar mais tempo com minha melhor amiga. Diminuir a teimosia. Aprender a aceitar conselhos, mas nunca deixar de seguir meu coração. Não ser racional. Não ser controlado pela emoção. Não ter medo dos meus impulsos. Admitir meus medos. Meus erros. Ser uma boa amiga. Uma boa filha. Uma boa namorada. Uma boa garota. Orgulhar a Deus e a meu amor. Mudar. Continuar a mesma. Não adoecer. Cuidar. Aprender a gostar de crianças. Desobeder. Mudar a vida de alguém. Ter paciência. Ter muita paciência. Ter mais paciência ainda. Correr. Gritar. Ir atrás. Aprender a ser ambidestra e a assobiar. Não perder ninguém. Ser forte quando perder. Cair na teia dos acasos. Rir das quedas. Achar engraçado as esquisitices. Ser esquisita. Dar o melhor de mim. Cultivar o melhor de mim. Ter overdose de alegrias não motivadas. Libertar as borboletas. Aprisiona-las novamente. Desistir. Insistir. Ser surpreendida. Não falar palavrão, e não pensa neles. Melhorar minha letra. Retomar meu curso de ingles. Excluir o orkut. Depois fazer outro. Tropeçar. Insistir no que é bonito. Fazer ser o que não é. usar roupas coloridas. Não descrever. Não nomear. Inventar palavras sem sentidos. Desabafar em papéis. Provar amor a alguem. Provar a ele. Fazer de tudo que não fiz esse ano. Transbordar carinho. Ser sensata, quieta. Continuar no meu mundo. Trazer as pessoas para dentro dele. Saber calar-me. Saber não calar-me. Gostar do silencio. Traze-lo comigo. Aprender. Desaprender. Entender causas. Esquece-las. Apaixonar-me de novo. Pela mesma pessoa. Por outro. Por outros. Voar de asa delta. Ir para o Rio de Janeiro. Não esquecer das minhas palavras ditas, e não me perder entre as ouvidas. Saber distinguir quando continuar e quando parar. Entender que mesmo que nada disso seja feito, que eu na próxima virada, eu saiba que tentei. Porque tentar ainda é uma das coisas mais linda desse mundo. Do meu.

[Carolina Assis]


Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente. Para você desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar. Desejo que os amigos sejam mais cúmplices, Que sua família esteja mais unida, Que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente para repassar o que realmente desejo a você. Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua felicidade!

[Carlos Drummond de Andrade]



segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mas tudo está bem agora...

... eu digo: agora.
Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!
[Fernanda Mello]
Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.
[Caio Fernando Abreu]

domingo, 26 de dezembro de 2010

Se não for hoje, um dia será.

"Debaixo do céu há um tempo para cada coisa."



"Algumas coisas, por mais impossíveis e
malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo,
que foram feitas pra um dia dar certo."
[Caio Fernando Abreu]

Descobri a pouco tempo que nada que eu faça adiantara algo se não for para ser agora. E olha que isto é algo belo, pois acredito que realmente não seja agora. Passei a confiar extremamente na capacidade da minha vida se ajeitar pelo simples fato de eu acreditar nisso. Não que eu tivesse opções, as poucas que tinha foram jogadas ao vento junto com aquele cansaço de esperar. Pensei que fosse algo comum. Que a demora viria com o desestimento, e que eu desistiria. Já fiz isso outras vezes. Se for só isso logo vai passar.... Não passou. Desculpa se eu enlouqueço às vezes, é que esse é meu jeito louco de te amar. Desculpa se sou péssimas em demonstrações, e se um dia acreditei que você era bom em nota-las. Mas eu sei o meu lugar, eu me vi no seus olhos, e me senti em seu peito. Eu sei que é você. Mesmo com tudo, com todos os dias, com todas as batalhas, com todos os ferimentos, e incertezas. Sei que é você. Sei porque você sabe que sou eu. Agora... ou mais tarde meu amor.

[Carolina Assis]

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dias Polisipos...

"Polisipo, em grego, significa 'pausa na dor'.
Têm sido, estes dias, polisipos.
Que os teus também sejam, meu amor..."
[Caio Fernando Abreu]

O vazio comporta muitas coisas, sinto-me cheia dele. Desde quando coloquei você para fora. Agora em seu lugar não há nada. Nunca houve nada. Antes de sua ocupação, era apenas um vácuo te esperando, um local que já possuía dono, mesmo antes de conhece-lo. Foi sempre você, o tempo todo dono daqui. Agora sinto-me responsável pela imensa tarefa de ocupa-lo de novo, mesmo que nada consiga se manter dentro dele por muito tempo... Livros desengavetados, CD's fora de caixas, amigos já esquecidos, jogos perdidos, e... tentativas. Meras tentativas de poder estabelecer rotina que não necessite de suas palavras, uma rotina que antes usufruía-se de sua presença constante, e que agora, eu faço de tudo para ocupar a ausência que ela deixaste.

- Você que desistiu!
- Não, apenas reconheci uma causa perdida.

[Carolina Assis]

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

“Eu preciso organizar o caos que eu sou,

...o problema é que eu fico achando que caos é ordem.”


Virar as coisas de cabeça para baixo parece uma opção formidável para alguém que já não sabe o que fazer. Sempre achei que tivesse certeza do que queria, de onde estava indo, mas agora parece que todas as placas de sinalização estão misturadas, perdidas iguais a mim. Distraio-me com tudo, e desvio-me da meta o tempo todo, não sei mais qual meta é. Não sei porque perdi o interesse completo, agora só esta partes deles, todas fragmentas e soltas por ai. Resta a mim saber junta-las. Resta a mim querer junta-las. Não sei mais se quero. Não entendo como pude vim parar nessa montanha de decisões que ninguém saberia que existem, não imaginei estando em um momento em que eu poderia escolher ir em frente ou mudar de rota. Nunca pensei que poderia haver opções. Pois não há. Ou quero ou não quero. Contudo meu mundo -sempre pronto a me surpreender- faz com que eu esteja nesse caminho de duas mãos não sabendo se volto ou se vou. Poderia ser mais fácil, poderia haver um única decisão como sempre houve, eu poderia continuar a querer apenas você. Como sempre quis.

[Carolina Assis]

"Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas.
Me entupo de ausências,
me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos."
Clarice Lispector


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Amor é a capacidade de estar só.


Você deveria ser capaz de estar só, completamente só e, ainda assim, tremendamente feliz. Então, você pode amar.
Então, seu amor não é mais uma necessidade, mas um compartilhar, não mais é uma carência. Você não se tornará dependente das pessoas que você ama. Você compartilhará – e compartilhar é bonito.
Mas o que comumente acontece no mundo é: Ninguém está preocupado em dar, todo mundo quer receber.
E quando todo mundo está atrás de receber, ninguém recebe.
E todo mundo se sente perturbado, vazio, tenso.
A fundação básica está faltando, e você começa a construir o templo sem a fundação. Ele irá cair, desabar a qualquer momento. E por meditação eu quero dizer a capacidade de estar alegre sozinho.
Muito raras pessoas são capazes de estarem felizes sem absolutamente nenhuma razão – simplesmente sentar-se em silêncio e completa felicidade! Os outros acharão essas pessoas loucas, porque a idéia de felicidade é que ela tem que vir de alguém.
E você se torna tão alegre, surge uma tal celebração em seu ser, que você não necessita de nenhum relacionamento.
Você pode se relacionar com as pessoas….
E esta é a diferença entre relacionar-se e relacionamento:
relacionamento é uma coisa: você se apega a ele;
relacionar-se é um fluxo, um movimento, um processo.
Você encontra uma pessoa, e você ama, porque você tem muito amor disponível.

[Osho]

domingo, 19 de dezembro de 2010

É esse amor que me faz voltar sempre.

Pergunto-me se eu deveria caminha a frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porem que eu mesma ainda não sei bem como esse isto terminara. E também porque entendo que devo caminhar passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o tempo. E esta é também a minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa historia.

[Clarice Lispector]


"Eu não quero viver como se sobrevivesse a cada dia que passo sozinha.
Não quero andar como se procurasse meu complemento em cada olhar vago.
Eu acho que mereço mais que isso por tudo o que eu sei que posso fazer por alguém."

- E isso mudaria alguma coisa? Se você pudesse escolher...
- Não, ainda assim escolheria ele.

sábado, 18 de dezembro de 2010

E gosto das tuas histórias...

...E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto."
[Caio Fernando Abreu]


Ele nunca soube se eu voltaria: chegava sempre alvoroçada, com pressa pra consumar o amor. Quando me demorava no abraço, ele fazia eternidades daquele instante. Envolvia-me com zelo temendo qualquer movimento que o afastasse, qualquer menção de buscar a roupa espalhada. Ele o fazia cheio de delicadeza, não havia como me prender por mais que algumas horas. Buscava um brilho do meu olhar em sua direção, uma entrelinha num sorriso breve, uma malícia qualquer na piscada de olho antes da ida para o banho. Esperava meu convite, mas eu o tinha com tanta abundância que achava que não o queria. Era como se nunca fosse se ausentar porque se doava inteiro e sem pressa. Um dia ele chegou antes da hora do meu desejo cru. E ficou contemplando a minha ausência. Não me abraçou como sempre, esperou que eu me aproximasse. Disponível que estava, mas seguro da sua parte feita, esperou que eu me assustasse, que entendesse que eu poderia não voltar se eu não quisesse, que ele saberia conjugar a minha ida no pra sempre. Com alguma dor, naturalmente. Mas estava sereno, quase se despedindo, conformado. E eu me sobressaltei. Porque nunca tinha imaginado que ele pudesse ir embora. Nunca tinha imaginado a ausência do toque dele, a falta do beijo, a serenidade que cabia no desejo. Eu esperava alguma coisa mais aflita, uma paixão que gritasse pra eu ficar, um desespero, os argumentos. Mas não, ele me contemplou sem falas, sem pedidos, deixou que todo aquele tempo fosse preenchido por grossas gotas de silêncio e calma. Naquela hora, naquele meu sorriso sem jeito, naquele olhar cheio de frases, um brilho, um brilho tão forte abraçou todo ele com as minhas retinas. E eu o vi como nunca tinha visto antes. Eu o quis como se nunca o tivesse tido entre as minhas pernas. E abandonei o meu corpo no abraço dele, eternizada... Ele que sempre esteve ali e era como se tivesse chegado só naquele instante.
[Marla de Queiroz]

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Não sabia que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida.

Círculos são viciantes. A vontade de nunca sair do caminho ocupa todos o lugares que não deveriam nem existir. Esperança, espera, medo... talvez um pouco de amor. É quase impossível que seja. É que no neutro do amor está uma alegria contínua, como um barulho de folhas ao vento, como um gota de chuva deslizando por um corpo. Assim como o fluxo de sentidos que vem e vão, mas nunca se perpetuam para longe. Sempre voltam. Que um dia fique, é meu desejo. Porque ficarei, ficarei nesse circulo até que me tirem a força. Empurrem-me. Mesmo assim parte de mim fará continuidade aquela espera. E que seja algo. E que possa assim trazer com a definição, algo que mais temo. Que por sinal, pouparei de lhe dizer.

Carolina Assis.

Nem em tempo de chuva
Que chova
Eu não largo da sua mão
Nem que caia um raio
Eu saio sem você na imaginação
[Djavan]

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Adoro chuva. Poupa lágrimas.

Um sofrimento é sempre uma advertência, pior para quem não sabe compreendê-la. Quando a natureza puxa a corda, é porque caminhamos ao contrário; quando ela nos castiga, é que o perigo está perto.
Aí, então, de quem não reflete!
[Eliphas Levi]
Não sei mais expor-me em palavras. Tão pouco sei expor o que sinto. E talvez, esses sejam os tempos em que sou mais invadida por sensações que antes não possuíam nome para mim. E estes, puderam crescer junto a todos aqueles que já possuíam algum significado... Porque o amor é sofrível, escondo isso em todas minhas palavras soltas, meu embalos, meus sorrisos estampados que surgem vez ou outra. Mas não sou capaz de esconder de tudo, não sou capaz porque não me permito ser. Dou-me um momento, aqui e ali, para sentir a dor. Para sufocar com todas as lágrimas que um dia prometi não tocarem mais ao chão. Sempre cumpro minhas promessas, o que me faz lembrar que deveria prometer outras coisas. Coisas que nunca cumprirei, e assim perderia minha palavras. Faço isso agora. Deixo escapar o pouco de pessimismo e dor por entre essas linhas que não deixam significado algum, rastro algum, e que ninguém pode supor o que seja. Talvez nem exista, provavelmente não exista mesmo. Mas preciso disso, para marcar minha vida, para senti-la, para ouvir meu coração e saber que ele bate por alguém, e quando esse alguém pira, meu coração segue o movimento. Preciso acreditar que é verdadeiro, e para que seja, necessito ter momentos de loucuras que são capazes de me fazerem desejar o sumiço, momentos de desespero que me fazem lutar contra mim, e contra esse sentimento que não é um complemento apenas, tornou se parte de tudo que leva meu nome. Mas gosto de me enganar, gosto também de você, e de todos os outros que amou. Isso me faz aproximar todo mundo e esquecer de mim. A mania idiota da garota boba que acha que pode viver sozinha. Então viva, faça de toda dor que se acumulou ao longo dos meses um sorriso bobo e esse ser seu único espaço para guardar toda ela. Porque nos próximos, falará de como é bom sorrir e ver crescimento em tudo. Então fale. Porque é isso que fará a diferença lá na frente, mesmo que você não veja agora. Saber que a dor existe sim, só um tolo a negaria, mas que pode ser disfarçada e salva por todas as belezas de sua vida. Beleza essas que não incluem ele, nem nada que o lembre. E a vida é bela, sempre foi.

Carolina Assis


"Das minhas certezas, sou contraditória,
dos meus erros, sou verdade, das minhas doçuras,
sou vaidade, dos meus medos sou metade."
[Ju Fuzetto]

domingo, 12 de dezembro de 2010

Santa Catarina de Gênova dizia...

que quando Deus quer penetrar uma alma,
abandona-a antes completamente'
[Clarice Lispector]


"Eu não creio que Deus se importa onde nos graduamos e o que fizemos para ganhar a vida. Deus quer saber quem nós somos. Descobrir isso é o trabalho da alma - é o nosso verdadeiro trabalho da vida."

Cabe a nós deixa-lo bem orgulhoso!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

De Clarice guardamos gestos...

Gestos,tentativas de Clarice sair de Clarice para ser igual a nós todos.
(Drummond)

[Carta escrita à Hilda Hilst por Cario Fernando Abreu.]

"Hildinha, a carta para você já estava escrita, mas aconteceu agora de noite um negócio tão genial que vou escrever mais um pouco. Depois que escrevi para você fui ler o jornal de hoje: havia uma notícia dizendo que Clarice Lispector estaria autografando seus livros numa televisão, à noite. Jantei e saí ventando. Cheguei lá timidíssimo, lógico. Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível. Era ela. Me aproximei, dei os livros para ela autografar e entreguei o meu Inventário. Ia saindo quando um dos escritores vagamente bichona que paparicava em torno dela inventou de me conhecer e apresentar. Ela sorriu novamente e eu fiquei por ali olhando. De repente fiquei supernervoso e saí para o corredor. Ia indo embora quando (veja que GLÓRIA) ela saiu na porta e me chamou: — “Fica comigo.” Fiquei. Conversamos um pouco. De repente ela me olhou e disse que me achava muito bonito, parecido com Cristo. Tive 33 orgasmos consecutivos. Depois falamos sobre Nélida (que está nos states) e você. Falei que havia recebido teu livro hoje, e ela disse que tinha muita vontade de ler, porque a Nélida havia falado entusiasticamente sobre o Lázaro. Aí, como eu tinha aquele outro exemplar que você me mandou na bolsa, resolvi dar a ela. Disse que vai ler com carinho. Por fim me deu o endereço e telefone dela no Rio, pedindo que eu a procurasse agora quando for. Saí de lá meio bobo com tudo, ainda estou numa espécie de transe, acho que nem vou conseguir dormir. Ela é demais estranha. Sua mão direita está toda queimada, ficaram apenas dois pedaços do médio e do indicador, os outros não têm unhas. Uma coisa dolorosa. Tem manchas de queimadura por todo o corpo, menos no rosto, onde fez plástica. Perdeu todo o cabelo no incêndio: usa uma peruca de um loiro escuro. Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto. Acho que mesmo que ela não fosse Clarice Lispector eu sentiria a mesma coisa. Por incrível que pareça, voltei de lá com febre e taquicardia. Vê que estranho. Sinto que as coisas vão mudar radicalmente para mim — teu livro e Clarice Lispector num mesmo dia são, fora de dúvida, um presságio.
Fico por aqui, já é muito tarde. Um grande beijo do teu
Caio."

Hoje, 10 de dezembro, é aniversário de morte da querida Clarice Lispector,
que em 1920 deixou esse mundo, mas nunca partiu verdadeiramente,
graças a suas palavras que se eternizam dentro de muitos, dentro de mim.
Deixei a palavra para o Caio, que tanto diz em meu nome, que ele possa
dizer mais uma vez, mas agora sobre uma das minhas autoras preferidas.

[Carolina Assis]

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

No momento certo, sempre vem um texto certo.


"Eles se amam, todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E todos os dias eles se perguntam o que fazer.E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

...Tem mania de sentir por completo.


"Ela é uma moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso. Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete lilás, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna."
[Caio Fernando Abreu]

Hoje o Caio falou por mim,
e... talvez de mim.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sobre avessos...

Durante o dia eu faço, como todos,
gestos despercebidos por mim mesma.
Pois um dos gestos mais despercebido
é esta historia de que não tenho culpa e que sai como sair.
[Clarice Lispector]


E no vazio do espaço que nos separou, renasceu o que eu jurava nunca ter existido: Nosso amor.

Era uma vontade mútua de se descobrir além do permitido. Aquele terreno tantas vezes explorado, era depois de tanto tempo, completamente desconhecido. Você com seus rolos e manias, eu com minha solidão de multidões. Percebi depois de alguns minutos te olhando – nós continuávamos os mesmos, porém a quilômetros de distância.

Eu queria te lembrar de um passado, mas só consegui dizer algo sobre o seu presente. Você se gabou do quanto ainda conseguia enganar suas meninas, e eu sorri como se isso não mais importasse – Eu também enganei alguns rapazes.

Talvez naquele momento eu me sentisse pronta e suja o suficiente pra você. Admitir isso era a maneira menos dolorosa de dizer que o amor que um dia eu rejeitei, naquele segundo, me sufocava.

Você segurou minha mão e disse em meu ouvido palavras que eu jamais esquecerei:

- Você é minha garota. Independente do resto.

Abri meus olhos e larguei suas mãos como se tivesse pronta para te deixar. E fiz. Eu queria me tornar sua garota, não ser ela pra sempre.

Você já podia voltar para suas meninas, e eu, para minhas mentiras.

[Br]

"É de minha responsabilidade não ficar triste,
não deixar ninguém me magoar,
não deixar que nada de ruim me aconteça
porque você me ama e não aguentaria.
Claro que me cuido, nem precisava pedir.
Te cuida, dissera ele. E eu ouvi como se fosse um te amo."