terça-feira, 21 de setembro de 2010

Por que borboletas? Duram tão pouco.

Disse a flor para o pequeno príncipe:
É preciso que eu suporte duas ou três larvas
se quiser conhecer as borboletas.
[Antoine de Saint -Exupéry]

Mas a flor esqueceu de dizer que as borboletas vivem tão pouco.
Ela suportou larvas em momentos de todos os dias, momentos terríveis, dolorosos, que pareciam não acabar nunca. E acabavam.
E vinham aquelas maravilhosas criaturinhas.
Passou o resto dos dias com lindas borboletas a visitando...
Mas elas sempre iam embora.
Cedo demais, simplesmente sumiam, e não voltavam.
E a flor suportava mais larvas, porque as queria de volta, mesmo sendo outras.
Eu fui a flor por muito tempo, e ainda sou.
Orgulho-me disso, dessa insistência, desse tempo percorrido, dessas cicatrizes criadas pelas minhas larvas preferidas, dessas finalidades... Esse final que nunca chega.
Mas é assim mesmo, na vida todo final é sempre um recomeço. Odeio finais, amo começar, e recomeçar, e começar de novo.
Por isso para mim, final é começo. E Fim. E começo...
E borboletas, e larvas, e borboletas... e esperança, de que um dia elas se tornam resistentes e passem a viver mais, para mim, e diante de meus olhos.
As do estômago andam me enjoando.
Carolina Assis


"Estamos agindo certo sem saber onde o certo nos levará, se para o céu ou para uma úlcera.Existem dias – e só confessamos isso para o terapeuta ou para o melhor amigo – em que gostaríamos de sumir no mundo, deixar para trás todos os afetos que nos são sagrados, todo o nosso currículo de tarefas bem-feitas, e ficar à disposição do imponderável, dos impulsos, do incerto."
Martha Medeiros

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