segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sermão do Mandato.

"Quando você se agarrar a alguma coisa, ela pode não existir no mundo"

A segunda ignorância que tira o merecimento ao amor é não conhecer quem ama, a quem ama. Quantas coisas há no mundo muito amadas, que, se as conhecera quem as ama, haveriam de ser muito aborrecidas! Graças logo ao engano, e não ao amor.
Deste discurso se segue uma conclusão tão certa como ignorada: e é que os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estimas vidros cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são imperfeições, perfeições ama e não defeitos. Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade; cuidais que amais perfeições angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo, os homens não amam as coisas, não como são, senão como as imaginam; e o que se imagina, e não é, não há no Mundo. Não assim o amor de Cristo, sábio sem engano: 'Cumdilexisset suos, qui erant in Mundo' ".
[Padre Antônio Vieira]

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