terça-feira, 2 de novembro de 2010

É que amor não passa. Muda de direção.

"Loucura seria ter de esperar todo aquele tempo, toda aquela eternidade. Tortura, esperar pelo momento certo, esquecendo-se de que o momento certo é sempre, basta fazê-lo existir. Mas buscou em todo o seu ser um pouco de paz para acalmar o coração e nada encontrou."


Deseja as vezes poder tirar aquele sentimento, que sabia como dominar cada célula do meu corpo, cada molécula do meu ser, cada pedaço de vida que existia em mim. As vezes queria tira-lo com violência. Um peso que invadia minha alma, meu peito, todos meus sentidos. Tentei, confesso que sem muita força, mas tentei, não adiantou, não conseguia livrar-me dele, era como se o mundo conspirasse para que eu respirasse sempre pela metade. Sentia como se de mim saísse todo fluxo que me dava vida, a cada vez que quem saia era você. E nessas vezes eu sorria, como quem sorri quando já não há mais nada o que perder. Vinha chuva, que não me deixava triste, porque triste mesmo era te ter e não possuir. Brinco sempre, não é meu, mas me pertence. Contudo, era necessário a vista, ver te e suportar aqueles intermináveis minutos que se passavam enquanto falávamos ou enquanto via-o, inspiração. Fazia oxigênio entrarem em meus pulmões, e assim tudo que me rodeia começar a falar de você. As musicas te descreviam, os livros contavam nossa historia, os filmes falavam de você. Via a imaginação tomar conta da unica parte racional que podia trazer comigo. É que amores que não se vingam por completo tem urgências que o cotidiano não contempla. Podia ficar aqui descrevendo cada coisa que sinto só por sentir. O coração fica pesado, talvez porque você o habite, e ser desse seu jeito tão grande. Confundia me nas noites desesperadas, não sabia mais se queria arrancar esse peso do meu coração, ou ele todo. Acho que só quis leveza. no meu peito atormentado. Sem cura. Sem remédio. Sem absolvição, talvez sem volta. Confusos, com o turbilhão de sentimentos que se encontram aqui, indecisos entre espera e alegria. Violência e doçura. Seduzidos pela necessidade de historia e impaciente pela inquietação de ausências. E ausência com amor é analogia de catástrofe. E o tempo é usado para dar um fim ao amor. Que contradizendo as expectativas, multiplica-se. Como células de um câncer. Até causa-lhe a morte de quem sente.

- Carolina...
- Não, você não é obrigado a sentir o mesmo.
Assim como não sou obrigada a te amar para sempre.
Sempre gostei da expressão de espanto dele.

[Carolina Assis]



Inconscientemente, parecia querer buscar em autores, filmes e musica, algum tipo de consolo. Como se alguém precisasse chegar bem perto do sofá, onde estava, colocar uma das mãos em seu ombro e dizer que aquilo era normal... Que acontecia tambem com outras pessoas, e que iria passar...
[Caio Fernando Abreu]

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