quinta-feira, 15 de julho de 2010

Invocação Irada

(...)
Que te fiz para assim permaneceres dentro do meu ser, se fora dele não existes nem noticias te preservas?
Foge, foge de mim para tão longe. Suplico-te que deixes um vácuo sem esperanças de lotar, amplo, soturno espaço irremediável, mas deixa-me, larga-me, evapora-te de toda a minha vida e meu pensar. Sei que não me escutas, és diferente a todo meu apelo, nem dependes de teu próprio querer. Perversa essência eterna torturante, vai te embora, vai, anel satânico de vogais e consoantes que esta boca repete sem querer.

Carlos Drummond de Andrade

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