terça-feira, 10 de agosto de 2010

Adoravel Psicose


"Então eu não posso gostar de você como pessoa?"
"Não, não pode. É a lei."
"Mas você não é uma pessoa?", ele perguntou, cheio de sarcasmo.
Tive vontade de beijá-lo, mas resisti e respondi que sim, eu era uma pessoa.
"Eu posso gostar de você como árvore, se preferir."
Dessa vez não tive vontade de fazer nada, apenas o encarei, séria.
"É como se você entrasse numa loja de chocolate", comecei,
"procurasse uma caixa de bombons, achasse bonita, provasse alguns e depois dissesse 'olha, eu não vou levar não, mas fique sabendo que gosto muito desses bombons... como chocolate.'"
Silêncio.
"Não é a mesma coisa", ele afirmou, depois de ter pensado um pouco a respeito.
"Claro que é! Que diferença faz se você achou o bombom bonito, gostoso, inteligente, engraçado, legal? Chega a ser irritante!", gritei.
"Pro bombom, é claro..."
"Natalia..."
"Não. Você não escolheu o bombom. Você não me escolheu. Agora respeite a lei, e saia desta loja."
"Quê?"
"É uma metáfora..."
"Ah, sim."

Natalia Klein

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