domingo, 1 de agosto de 2010

Esquecer você todo dia um pouco para vida...

... e todo dia muito para o dia.
Mas agora, hoje, guarda isso,
eu amo demais você.
Tati Bernardi

Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo, nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas - se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso.
Caio Fernando de Abreu

No fundo ela sempre soube que acabaria. O ponto final viria mais cedo ou mais tarde. O que ela não sabia era que ela mesma teria que fazer isso.
Ele gostava das virgulas, mas ela sempre preferiu parágrafos. Nunca se deu muito bem com pontuação.
Tinha que ser naquele momento, ela não teria outra oportunidade. Seu coração não a daria outra oportunidade. Vendo-o ali tão perto dela, que podia sentir seu cheiro, tão perto que podia ouvir sua respiração, ver as cores de seu rosto. Ela tentava tomar a decisão, e não pensar muito que era a ultima vez, caso contrario, desejaria que esse dia nunca terminasse, e ela precisava voltar para a casa.
Então resolveu não pensar, só escrevia, enquanto ele, sem saber de nada a olhava.
Mesmo se quisesse ela nunca entenderia o porque havia fugido tanto de seus princípios ao insistir em um cara como ele. Cara como eles não devem ser causas para se lutar. Caras como ele não valiam a pena. E mesmo assim ela lutou, por um tempo tão longo que já não via sentido no que fazia, ela apenas fazia.
Ela sorriu. Depois sorriu de novo, porque sorrir agora, lhe parecia estranho, até mesmo insano.
Ele também sorria, achava que ela estava sorrindo para ele, enquanto ele fazia as mesmas graças se sempre, subia em árvores, pulava, parecendo uma criança. A criança dela.
Ele sorria.
Não podia não o fazer. Ela continuava La onde sempre esteve , por ele. Mas agora, decidindo deixa-lo, mas isso ele não sabia, nunca foi bom em ler expressões.
Ela que sempre lutou para que não tivesse um fim, hoje lutava para forma-lo. Ela que formaria o fim. Não ele. Ela.
Talvez ele nunca fosse capaz de fato fazer isso. Talvez não sentisse nada mesmo, ou sentisse muito. Ou só fosse algo muito diferente e louco para ele pensar a respeito e procurar entender. Ela só pensava nisso.
Por muito tempo só pensou nisso. Ela já havia partido outras vezes, mas sempre já pensando em voltar, porque gostava dele, apesar dos pesares. Talvez ele gostasse dela também, por isso não a deixava partir.
Ela se sentia melhor pensando assim, que ele não a deixava ir, por isso ela nunca foste realmente, o que se fosse verdade, ela nunca notaria, tamanha era sua vontade de ficar.
E ela sempre fazia suas vontades.

Carolina Assis
Continua,
Ou talvez acabe por aqui mesmo,
sem final.

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