sábado, 14 de janeiro de 2012

E tento me vestir, sem carregar a esperança de esbarrar com você por aí.

Tati Bernardi

Não encontrava forma de expressar, e nem poderia. Você chega lá em casa, com aquela cara, de que poderia estar com outra, mas vim te ver, só porque você sabe que mesmo se eu tivesse outro, estaria ali mesmo, te esperando. Você no aprendizado de gostar de mim mesmo sem lhe dar oportunidade, só acabou fazendo isso porque sinto o mesmo por você. Você gosta de ver que é capaz uma mulher gostar tanto de alguém como você gosta dela. É isso mesmo, você só gosta de mim e suporta minhas crises neuróticas porque eu gosto de você. Simples. Mas não o suficiente. De todas as costas que vejo entrar no carro que esta na porta da minha casa, a sua é que consegue mais me incomodar. Da uma vontade absurda de segurar pela camisa que eu te comprei quando fui viajar, nunca sei se é porque o quero te acompanhar ou se é para você ficar. Nunca soube se te comprei aquela camisa porque sempre quis presentar alguém, ou se porque você foi o único que eu me importei em sabe o tamanho. M. Um M masculino que se encaixava perfeitamente no meu PP feminino. A marca era a mesma, como a nossa. A cor era diferente, como a nossa. Mas no final era para a mesma coisa, era para se vestir. E nós nos vestíamos todos os dias, mas eu nunca fui sua roupa preferida, era apenas aquela que se adaptava ao seu M, mas que no fundo você só usava quando estava em casa, porque era confortável. Não sou confortável, quis te gritar muitas vezes. Junto com todas as outras que desejei segurar seu rosto iluminado pela luz do carro na porta da minha casa, para dizer que queria que você entrasse, queria que você ficasse, queria que você não fosse embora. Mas do que isso queria que você fosse capaz de não desejar ir embora, de não desejar outras camisas. De olhar para mim e querer me vestir, mesmo sabendo que nunca serei capaz de ser exatamente do seu tamanho.

Carolina Assis

Então te amo de novo, infinitamente, quase sem ar.
E depois isso passa. Depois te esqueço.
Como já esqueci tantas vezes.
[Tati Bernardi]

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